Bluetooth e áudio Hi-Res realmente não combinam, e vou explicar por quê.
O meu Buds2 Pro suporta até 48 kHz e 24 bits, enquanto os novos Buds3 Pro chegam a 96 kHz e 24 bits. Parece incrível, mas tem um problema: quanto maior a taxa de amostragem (kHz), maior o bitrate necessário, que é a quantidade de dados que a conexão precisa transmitir. No Bluetooth, mesmo com o codec SSC da Samsung, o limite no meu S20 FE, que usa Bluetooth 5.0, é de 512 kbps, o que obriga o áudio a passar por compressão para caber nessa taxa.
Agora, para ter uma ideia:
- O áudio do Spotify vai até 320 kbps, e o do YouTube Music, até 256 kbps. O Bluetooth lida bem com isso.
- Já o áudio Hi-Res mais básico (16 bits, 44,1 kHz) exige no mínimo 1.411 kbps de bitrate. Se for 24 bits e 48 kHz ou 96 kHz, o valor é ainda maior. Ou seja, o Bluetooth não dá conta de transmitir esse nível de qualidade sem compressão.
Mesmo que os fones sejam Hi-Fi, o Bluetooth simplesmente não suporta a quantidade de dados necessária para um áudio Hi-Res puro. O resultado é sempre uma compressão, que reduz a qualidade. É por isso que, para realmente ouvir áudio sem perdas, o jeito é usar conexão com fio — que tem muito mais capacidade, apesar de não ser tão prática.
Bem, pelo menos esses são os valores limites do Bluetooth 5.0 no meu S20 FE. Mas acredito que os dispositivos mais novos da Samsung, com Bluetooth 5.3, consigam lidar com bitrates mais altos, possivelmente até o dobro dos 512 kbps atuais, o que já seria um avanço significativo. Agora, pensando no futuro, espero que a próxima geração, o Bluetooth 6.0, permita pelo menos 1.500 kbps. Aí sim poderíamos finalmente extrair o máximo do Hi-Res e aproveitar toda essa tecnologia dos fones premium.
Print por S20 FE, aplicativo de streaming Tidal focado em ouvir músicas com qualidade Hi-Fi, com meus Buds2 Pro. O próprio aplicativo comprova que o Bluetooth é um sinal comprimido.
Codec SSC e meus 48 kHz, 24 bits.
